Johannes Brahms
Ateu revive tradição de Beethoven
Colaboração para a Folha Online
Muitos dizem que Johannes Brahms dominou, junto a Richard Wagner, a música clássica da segunda metade do século 19. Um dos maiores nomes da cultura alemã, o compositor dedicou-se a quase todos os gêneros --exceto ópera e balé-- por meio do que acreditava ser realmente uma música pura. Talvez por isso seja tão difícil compreendê-lo.
Ele nasceu em 1833 em Hamburgo, umas das principais cidades portuárias da Alemanha. Filho de músico --o pai era contrabaixista e tocava em tavernas da cidade--, desde pequeno possuía dotes especiais para a arte. Aos sete anos, incentivado pela família, começou fazer aulas de piano. O talento do menino era tanto que, com apenas dez anos, realizou o primeiro concerto público com composições de Mozart e Beethoven.
Pouco tempo depois, começou a tocar nas noites com o pai. Foi neste período que se revelou como um homem bruto, extremamente grosseiro --zombava de todas as mulheres. Nesta mesma época, iniciou as aulas de composição e conheceu importantes nomes da música, como os violinistas Eduard Reményi e Joseph Joachim e os compositores Franz Liszt e Robert Schumann.
Durante um longo período, Brahms percorreu algumas cidades alemãs e dividiu o tempo morando nas residências de Joachim, em Hannover, e Schumann, em Dusseldorf.
Apenas com a morte de Schumann, ele finalmente decidiu arrumar um emprego. Passou a trabalhar como mestre de capela em Lippe-Detmond, uma pequena cidade germânica, onde ficou por pouco mais de um ano.
Em 1863, o compositor foi morar em Viena. É na capital austríaca que ele obtém sucesso e dedica-se exclusivamente à composição. O mérito de grande compositor chegou com a estréia do Réquiem alemão, em 1868.
Graças a essa obra, foi convidado para dirigir a Sociedade dos Amigos da Música, principal centro artístico da cidade. Brahms ficou à frente da instituição por cerca de três anos (de 1872 a 1875).
Mesmo já consagrado como importante compositor, recebeu o título de "sucessor de Beethoven" com a sua primeira sinfonia, em 1876. Pouco antes de morrer, depois de terminar o Quinteto de cordas op. 111 decidiu parar de compor -- inclusive deixou um testamento preparado. No entanto, voltou rapidamente à rotina de músico e escreveu inúmeras obras de câmara para clarinete.
Brahms considerava-se, orgulhosamente, um "pagão" por não acreditar em Deus. Manteve-se solteiro e dedicou a vida às viagens pela Europa, principalmente à Itália. Morreu aos 63 anos, de câncer no fígado, no dia 03 de abril de 1897.
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