Alberto Ginastera
Argentino influencia até banda de rock
Colaboração para a Folha Online
Aclamado como o compositor argentino mais influente da história contemporânea, Alberto Evaristo Ginastera desenvolveu uma obra clássica que, surpreendentemente, inspirou várias bandas de rock progressivo na segunda metade do século 20. Estimulantes, líricas e vibrantes, suas composições nacionalistas retratavam o folclore argentino com temáticas fantásticas.
De origem humilde, filho de um catalão e uma imigrante italiana que trabalhavam na agricultura, Alberto Evaristo Ginastera nascera em 11 de abril de 1916, na capital cultural da América do Sul, Buenos Aires. Começou a estudar piano aos sete anos de idade. Com 19, recebeu o seu primeiro prêmio, na Associação El Unisono. Em seguida, formou-se no Conservatório Nacional de Buenos Aires, onde, em 1940, realizou a inédita apresentação de sua famosa obra para balé, O Panambí, além das Danças argentinas (para piano), que lhe projetaram nacionalmente.
O sucesso da estréia também lhe rendeu uma vaga como professor titular no Conservatório Nacional da Argentina. Posteriormente, freqüentou as aulas de Aaron Copland em Tanglewood, na Fundação Guggenheim, em Nova York, onde entrou em contato com músicos como o maestro brasileiro Heitor Villa-Lobos.
De volta a Buenos Aires, tomado pela "onda musical nacionalista", ele e outros compositores argentinos fundaram a Associação Nacional dos Compositores Argentinos, o Conservatório La Plata de Buenos Aires e o Centro Latino Americano para Estudos Musicais Avançados no Instituto Di Tella, do qual se tornou diretor em 1963.
Ginastera foi um compositor completo. Além de desenvolver modernas técnicas de composição, valendo-se do estilo microtonal, construiu um currículo acadêmico respeitadíssimo.
Acumulou cargos em várias instituições, tais como membro do Conselho Internacional de Musica (Unesco), reitor na Universidade Católica Argentina, além de ter sido professor emérito na Universidade de Música no Chile e na Academia Brasileira de Musica. Sua obra – que inclui óperas, balé, música para teatro, concertos para piano e música de câmara, entre vários outros gêneros -- foi utilizada até em trilhas sonoras de filmes..
Mas ao contrário de sua agitada carreira, o argentino levou uma vida pessoal com discrição. Depois de passar longos anos entre a Argentina e viagens ao exterior, resolveu mudar-se em 1970 para Genebra, na Suíça, onde conheceu e casou-se com a violoncelista Aurora Natola.
Longe das turbulências políticas e econômicas da Argentina, o compositor passou a utilizar cada vez menos a temática folclórica e dedicar-se mais à criação de obras neo-expressionistas, que foram fontes de inspiração de bandas como o Yes, Gênesis, Emerson Lake and Palmer e Pink Floyd.
Alberto Ginastera morreu no dia 25 de junho de 1983, curiosamente no mesmo ano em que a Argentina voltava à democracia com a convocação de eleições gerais.
|