Gioacchino Rossini
Contexto histórico
Colaboração para a Folha Online
O período em que a ópera de Rossini dominou a Europa, curiosamente, coincide com a chamada época da "Restauração Francesa". A "Restauração" teve início com a derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo, quando a dinastia dos Bourbons, com Luís 18, retornou ao trono da França. E terminou com a revolução de julho de 1830, quando a burguesia reassumiu o poder, após derrubar Carlos 10, sucessor de Luís 18.
Rossini soube, como ninguém, agradar ao gosto médio da aristocracia decadente da "Restauração", protagonizada pelos Bourbons. Enquanto esteve sob a proteção e o financiamento real, continuou a ser um artista bastante produtivo, que se revelara desde cedo na Itália. Porém, assim que arrebentou a Revolução de 1830, abandonou Paris e praticamente deixou de compor.
Parece não ter sido à toa, portanto, que a parcela mais "fácil" da obra de Rossini --representada pelas óperas de caráter cômico-- foi a que acabou sendo aclamada em sua época e, por extensão, sobreviveu à virada do século 19 para o século 20. Isso não significa dizer que a verve de Rossini seja datada ou menos significativa para a história da música. Sua musicalidade espontânea e bem-humorada, marcadamente italiana, continua a divertir platéias no mundo inteiro.
Mas o fato é que, durante muito tempo, a crítica simplesmente desprezou sua produção mais séria, tendência que se atenuaria na segunda metade do século passado, quando parte desse repertório voltou a ser encenada e merecer sucessivas gravações em disco.
Autor de Guilherme Tell, Rossini é também o criador da chamada Grand Opera, composta sobre textos épicos, baseada em acontecimentos históricos ou obras literárias. Gênero que encontrará em seu sucessor, Giussepi Verdi, o ponto máximo de realização.
|