Gustav Mahler
Contexto histórico
Colaboração para a Folha Online
Quando o mundo ainda tentava entender a mudança radical que ocorria na transição entre a escola romântica e a era modernista, Mahler já dava sinais de que um período empolgante se aproximava.
Mesmo muito reservado, se tornou uma das personalidades mais influentes e marcantes do cenário musical europeu no início do modernismo.
A revolução artística no final do século 19 tentava transformar as linguagens literárias, visuais e da música, abandonando aos poucos o ideário romântico e preparando o terreno para as vanguardas que surgiriam nas primeiras décadas do século 20. Esta nova visão da arte criou grande polêmica entre os conservadores e os chamados artistas revolucionários da época.
Vaidade, preconceito e convicções religiosas
Sempre excêntrico e calado, Mahler trocou o judaísmo pela religião católica, atitude questionada até hoje. Há quem afirme que Mahler tomou esta decisão obrigado pela política preconceituosa da época. Mas existe a hipótese de que a ânsia pelo estrelato tenha falado mais alto.
Ele teve uma vida intensa, sucesso na profissão e um casamento conturbado. Tinha sensibilidade artística mas, no íntimo, nunca encontrou seu verdadeiro limite. Sua décima e última sinfonia, que não chegou a ser finalizada, exprimia também o amor que sentia pela esposa Alma e o conflito que viviam no momento.
Sinfonia como a forma mais elevada da arte
Suas composições estão entre as mais difíceis de serem interpretadas, não só pela complexidade do conteúdo, mas também pelo número de instrumentos e sons exigidos. Mahler não admitia que tratassem os concertos sinfônicos apenas como uma forma de diversão.
Seus trabalhos, visivelmente influenciados por Richard Wagner e Beethoven, chocavam o público da época. As sinfonias de Mahler trazem alternâncias rápidas e inesperadas de andamento e orquestração, além de inovações harmônicas e formais.
Ele tinha fascínio e medo pelo mistério da morte e deixava transparecer esta característica em suas obras. Entre seus variados temas estavam a busca pela vida eterna e a luta pela salvação das almas.
Em seu repertório também aparece a busca por uma sonoridade que pudesse imitar os sons mais fortes da natureza. Sua estética pede do ouvinte não apenas uma audição física, mas também uma compreensão do conteúdo espiritual evocado pelas obras.
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