Coleção Folha de Música Clássica

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4 - Tchaikovsky

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Curiosidades

Colaboração para a Folha Online

Episódios inesquecíveis

No período da adolescência, além da morte da mãe, outros dois acontecimentos marcaram Tchaikovsky para o resto da vida. Um deles acabou por contribuir ainda mais com seus problemas de desequilíbrio emocional. Ao contrair escarlatina, um amigo que exercia o papel de tutor de Tchaikovsky na classe que freqüentava, Modesto Alexeievitch Vakar, levou-o para sua própria casa, em vez de deixá-lo em quarentena na escola. Um dos filhos de Vakar contraiu a doença e morreu aos cinco anos. O compositor considerou-se o culpado pela morte do menino e jamais deixou de se auto-acusar, desejando inclusive morrer. Em decorrência da tragédia, Vakar, com o objetivo de atenuar o sentimento de culpa pela morte do filho, levou Tchaikovsky ao teatro para assistir ao Don Giovanni, de Mozart. Foi a primeira vez que ele entrou em contato com a obra do compositor, que o impressionou muito. Antes só conhecia a ópera italiana, que dominavam o cenário russo. "A música de Mozart fez nascer em mim um êxtase [...]. Devo à Don Giovanni o fato de ter-me dedicado inteiramente à música", afirmou.

Paixão juvenil

Em 1868 Tchaikovsky conheceu a francesa Désirée Artot, quando ela estava em Moscou como membro de um grupo italiano. Talentosa cantora e de grandes dons dramáticos, o compositor ficou entusiasmado com a atuação da soprano. "Que atriz, que cantora! [...] Raras foram as vezes que encontrei uma mulher tão boa, amável e inteligente", afirmou o músico. Em uma carta enviada ao pai, Tchaikovsky conta que pensava em se casar com a moça. No entanto, a atriz não aceitou o pedido, e, pouco tempo depois, casou-se com um cantor espanhol.

Casamento desastroso

Aos 37 anos Tchaikovsky começou a receber cartas de amor de Antonina Miliukova. Ela dizia ser uma de suas alunas, mas ele não se recordava. Uma vez ela ameaçou se matar caso o compositor não fosse encontrá-la. "Meu primeiro beijo será para você e para nenhum outro. Não posso viver sem você", dizia o trecho de uma das correspondências. Preocupado com os boatos e fofocas sobre a sua homossexualidade, o compositor casou-se com ela no dia 30 de julho de 1877. Poucos dias depois da cerimônia, escreveu para um de seus irmãos: "Fisicamente, ela me inspira repugnância total". Após dias e dias de sofrimento por conta da infeliz união, ele tentou o suicídio. Entrou no rio Moscou, onde ficou por algumas horas, com a intenção de contrair uma pneumonia que o matasse. Embora não tenha ficado doente, teve uma violenta crise depressiva, que o fez perder a consciência por dois dias. "Permaneci duas semanas em Moscou com minha esposa. Foram duas semanas de contínua, absoluta e insuportável tortura moral. Cai no desespero, decidi morrer. Parecia a única saída".

Anjo protetor

Em 1876, Tchaikovsky iniciou um relacionamento com a milionária viúva Nadejda von Meck. Impressionada com a música de Tchaikovsky, e ao saber das dificuldades financeiras do compositor, ela resolveu ajudá-lo, dando-lhe uma pensão de 6.000 rubros por ano. No entanto, estabeleceu uma condição ao músico: que nunca se encontrassem, podendo se comunicar apenas por cartas -em 14 anos, eles trocaram mais de mil correspondências, às vezes três ou quatro por dia. Estas cartas se conservaram e são de vital importância para conhecer as opiniões, impressões e esperanças do compositor. A relação, para a viúva, transformou-se em um silencioso amor. Já o compositor, a via como um anjo protetor, uma figura maternal. A amizade foi rompida quando um colega de Nadejda a convenceu de que Tchaikovsky não passava de um aproveitador. Por isso, ela escreveu uma carta ao compositor, em 1890, para comunicar o fim do relacionamento. Na época, ele estava no auge da fama e ganhava muito dinheiro, e ficou extremamente chocado com a ruptura afetiva. "Meu amor próprio foi violentamente ferido. Descubro que, na realidade, tudo não passou de um negócio de dinheiro que terminou da maneira mais banal e estúpida. [...] Perdi minha tranqüilidade, e a felicidade que talvez o destino ainda me reservasse ficou envenenada para sempre'", relevou a decepção em carta a um amigo.

Morte duvidosa

As causas da morte de Tchaikovsky nunca foram claras. A versão oficial é que ele bebeu um copo de água infectada com cólera. No entanto, depois foram revelados motivos mais obscuros. Tchaikovsky teria sido convocado para uma reunião com seus antigos companheiros da Escola de Direito. Ao tomarem conhecimento de um possível envolvimento do compositor com um jovem da aristocracia russa, eles teriam dito para o compositor se suicidar caso não quisesse que a questão se tornasse pública. Depois de menos de uma semana do encontro, o músico morreu. Há evidências de que a causa da morte tenha sido provocada por ingestão de arsênico. Mas ainda há a dúvida se ele próprio teria colocado a substância em sua bebida ou se teriam colocado propositalmente.

     
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