Frederic Chopin
Contexto histórico
Colaboração para a Folha Online
Paris já era uma festa. A capital francesa respirava uma atmosfera liberal, bem diferente do clima opressivo da Polônia deixada por Chopin, um país em constante estado de terror, sob o domínio do czar russo Nicolau I. A saída do compositor de Varsóvia, em 2 de novembro de 1830, praticamente coincidiu com a insurreição popular contra os russos, conhecida como "Revolução Polonesa", iniciada no dia 29 do mesmo mês. Por uma questão de dias, Chopin não presenciou a sublevação que iria alimentar seu patriotismo e sua imaginação.
A revolução, porém, logo foi violentamente sufocada pelas tropas do czar. Milhares de poloneses não encontraram outra alternativa senão emigrar e buscar asilo em outros países, especialmente a França. Afinal, Paris acabara de viver também uma revolução, liberal, responsável pela deposição do rei Carlos X e pela subida ao trono do duque Luís Felipe de Orleans, com a ajuda da burguesia. Assim, os exilados poloneses eram recebidos com simpatia pelos burgueses franceses, que sempre haviam se mostrado hostis ao czarismo russo.
O cenário, portanto, não poderia ser mais propício para a chegada de Chopin a Paris. Sem nunca ter podido voltar à Polônia, que continuaria sob o poder do império russo, Chopin notabilizou-se por aproveitar, em sua música, elementos e ritmos do folclore de sua terra natal. Seu nacionalismo estético, uma das características mais marcantes do Romantismo, ficaria explicitado em algumas de suas composições mais famosas, as "polonesas" - ou "polonaises".
Assim como boa parte de seus contemporâneos românticos, Chopin buscava uma música subjetivista e individualista, mais emocional, livre dos rigores formais do classicismo imediatamente anterior. A exemplo do Romantismo literário, os compositores do período se mostravam fascinados por terras exóticas, pelo passado mítico e heróico, especialmente o medieval. A magia, a natureza, os sonhos, a noite e o nacionalismo serão suas fontes constantes de inspiração.
Com esses ingredientes, os românticos produzirão uma obra rica e variada, que dominará todo o século 19. Chopin, por sua vez, construirá uma obra essencialmente pessoal, nostálgica e intimista, que terá nas curtas peças musicais, compostas especialmente para o piano, seus melhores momentos.
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